Perdi-me nos caminhos, embrulhei-me nas brumas de todos os destinos. Perdi-me assim do que sempre quis para mim, para ti, para nós.
Fiquei sem voz de tanto contar as histórias, de recontar os sonhos, as vãs glórias. E agora… retornei aos desencontros, aos olhares desconfiados, às emoções interditas. Se é esta a verdade de estar aqui, vou parar o mundo na minha mão e viver o breve instante, vou interditar as maldades, vou contar a lenda de um futuro por inventar.
Escondi-me nos gestos que adivinham emoções, desenhei as palavras que não soubeste decifrar, tracei as expressões nas frases segredos, contornei as sombras de olhos fechados, arrependi pecados.
Há coisas que teimam em ficar para sempre. O passado é presente, o futuro é saudade. Cantei o fado, recordei desatinos, percorri em vão toda a ilusão de ficar contigo. E agora vejo com toda a candura que o grande tesouro é estar aqui.
Não sei porque escrevo, ou porque recordo todas as imagens, todas as letras que escondi nos gestos, lágrimas, afectos. Sei que tudo aqui é como a candeia que à noite incendeia todo o meu frio.
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