domingo, 28 de janeiro de 2007

Para que não te sintas só..

Não conseguia adormecer. Depois de se revolver na cama durante duas horas, intermináveis, decidiu sair. Vagueou pelas ruas daquela cidade sem nome, num sítio frio e impessoal. Enquanto vagueava, relembrou o dia anterior, a namorada tinha terminado tudo, o pai tinha discutido e o curso não andava. Parou junto à praia. Começou a caminhar cabisbaixo pelo areal, até sentir os pés molhados. Sentou-se na areia molhada e olhou o horizonte que estava mesclado. O sol estava prestes a surgir.
Horas depois o sol, já sobre o horizonte, brilhava com vontade, majestoso, desafiava-o, foi então que sentiu alguém que lhe fazia companhia há já algum tempo. Era uma força que lhe vinha de dentro e o fez ver que o mundo é perfeito em toda a sua mudança e que a vida é uma circunferência com um lado positivo e leve, e um lado negativo e pesado. Essa circunferência era a sua vida e neste momento o lado negativo e pesado estava virado para cima. Compreendeu então que só ele a poderia virar, roda-la quantos graus quisesse e embora só ele o pudesse fazer, podia faze-lo, mantê-la em constante rotação para que o lado positivo estivesse sempre no cimo.
Regressou a casa com vontade de viver.
Évora, Novembro 1990
Esta foi uma história que imaginei. Quando o fiz, idealizei que era eu a conta-la a alguém muito especial, e por incrível que pareça esse alguém estava a adormecer, por isso esta história é para embalar e no dia seguinte quando amanhece é para renascer.
Ofereço-te esta história para que nunca te sintas só porque no fundo todos queremos que todos ouçam a nossa dor.

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