segunda-feira, 25 de junho de 2007

O Poema do meu aluno Pedro depois de ler um poema de Pessoa..

Era uma vez um amor
pousado no ramo de uma árvore
onde costumava passar os dias
Sentia-se um amor normal
como todos os amores, honesto
sensível, carinhoso, atencioso
e muito meigo e amigo

Esse amor cantava e sorria
por vezes também se sentia triste
e até chorava, mas tudo acabava
por ficar bem, e voltava a cantar
e a sorrir

Num belo dia de Verão estava o amor
como todos os dias, pousado no seu
habitual ramo de árvore, quando outro amor
pousou no mesmo ramo, da mesma árvore
olharam-se, sorriram um para o outro,
e apaixonaram-se, sem que nada o fizesse
prever sairam os dois voando, voando muito alto
e para muito longe, em direcção ao sul,
onde o clima é propicio à paixão

Desde esse dia, o amor nunca mais
pousou no ramo da árvore
O tempo passava e o ramo da árvore
continuava à espera do amor que durante
tanto tempo nela pousara.
Triste, e sem a companhia de que
tanto gostava, o ramo da árvore
começou a secar.

Chegou o Inverno
e o amor sem voltar a pousar
no ramo da árvore.
O ramo estava seco de tanta tristeza
pois tinha-lhe oferecido a sua resistência
quando os ventos fortes no Inverno sopravam,
abrigo nas noites frias, sombra no Verão
escaldante e beleza na Primavera.
No entanto, o amor não aparecia, parecia esquecido.

Um dia, já sem esperança,
com um olhar muito cansado,
Viu um ponto negro ao fundo
no céu azul, vindo do sul.
- Será o meu amor? perguntou o ramo
da árvore com o coração a bater cada vez
mais forte
Mas a tristeza assolou-o então, ao ver que
afinal era um mensageiro vindo do sul.

O mensageiro pousou no ramo da árvore
e perguntou-lhe:
- Tu é que és o ramo da árvore?
- Sim! respondeu a tremer de emoção
- Trago-te uma mensagem do amor.
O coração do ramo da árvore estremeceu
e o mensageiro disse então:
- O amor que em ti pousava morreu,
mas deixou um último desejo.

Que fiques forte, saudável e resistente
aos dias ventosos, que a folhagem
te cresça, para aqueceres no Inverno
e no Verão ofereceres a tua fresca
sombra, e na Primavera que sejas
o ramo de árvore mais bonito, se
assim o fizeres outro amor em ti
pousará e não mais se esquecerá
quando em direcção ao sul voar.

O ramo da árvore
deixou cair uma lágrima, inspirou a brisa
e murmurou:
-Não se esqueceu.

"Dedico este meu poema à minha querida e inesquecível professora de Inglês do 6º ano

1/8/2000, Pedro"

É bom ter quem nos recorda com carinho.

Anamel

Sem comentários: